sábado, 5 de janeiro de 2013

Um verso erótico


Sente-se aqui.
Apenas sente-se.
Não fale.
Apenas ouça.
Ouça.
Ouça, meu coração que salta
Ouça, o ar que me falta.
Te digo, me digo
Pobre és tu, a quem mendigo.
Fumei, voltei a beber
Não por gostar, mas por não te ter.
Sonhei acordei molhado,
só tinha seu cheiro vazio ao meu lado.
Teu corpo, eu tinha em pesadelo,
Tudo em ti gemia, nas mãos teu cabelo.
Puxa, empurra.
Faz de mim um animal,
Teu sonho faz-me mal.
Gritos,
Paro.Reflito.
Talvez, insisto.
Mas que esquisito,
teu cheiro aflito
me deixa sem fio.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Não chores e não se culpe

Querido Deus, é com grande alegria em meu coração que o escrevo. Na verdade as linhas que aqui escrevo nada mais são do que um desabafo, uma confissão de vida. Hoje aos oitenta e nove anos de idade, em leito de morte, sinto-me feliz por ainda conseguir escrever em minha velha máquina. Confesso, que me sinto um pouco cansado e esta fadiga dos anos as vezes me obriga a parar de escrever por alguns minutos, para que possa tomar ar na janela. Em uma dessas paradas obrigatórias, tive a emoção de contemplar um dia radiante e o cantar dos pássaros, a dias não via algo tão cativante, arrisquei um assovio, falhei, não há mais força. Depois de tantos anos vividos, a gente acaba se acostumando com os amanheceres e anoiteceres da vida, as coisas belas passam despercebidas, talvez a vista canse e eu não possa mais ver tamanho esplendor.
Velhice, palavra que eu achei que jamais faria parte do mim. Jamais se faria em mim. Minhas mãos cansadas acabam por se atrapalhar entre tantas letrinhas miúdas, me esforço o máximo para conseguir. Minha vista velha, necessita de óculos novo. Minha alma, precisa muito de descanso. Sei que está próximo o dia da partida, o fim aos poucos me abraça e eu em profunda tristeza me despeço de um mundo que nunca foi meu, de uma vida que nunca foi minha. Não me arrependo de muitas coisas, talvez, eu não me arrepende-se de nada, se não fosse o velho amor da adolescência, nunca correspondido. Ah Deus, amigo meu. Não entendo, como posso me despedir agora? Não há nada em mim, não há flores. As que plantei foram pisoteadas e a raiz tão velha quanto eu, acabou secando. Mas eu juro, não foi por descuido meu, Tu o sabes. Todos os dias eu levei flores e novas flores, nos jardins errados, mas levei. Todos os dias reguei sementes entre espinhos, na esperança de ver nascer uma única flor e ser desta o único dono. Não, eu não imaginei que seria tido como louco e na verdade não me importei. Eu só amei.

Eu passei a vida tentando mostrar que eu realmente me importava, passei anos construindo cenas que se eternizariam no firmamento. Eu, só eu vivi dias eternos, tão meus que nunca saíram de mim. Ao mesmo tempo que me frustro, me amparo e me consolo pois não amei por fora, mas por dentro essas rosas espinhudas sofreram com o meu excesso de amor, de gostar, de se doar. As noites mas medonhas, em completa solidão me embalei nos devaneios de estar completo, repleto e sem medo. Enfrentei dias tempestivos nos quais me enfraqueci, mas nos sonhos de me tornar grande, eu encontrava força e me levantava novamente. Por vezes, sentava em frente a uma casa e esperava o seu dono chegar, não para falar de mim, mas para apenas por pensamento lhe confessar minha grande admiração. Teve dias em que eu andei pelas ruas, dias de chuva só para distribuir sorrisos, pois dentro de mim sempre ouve excesso de fazer bem. Teve noites em que girei o mundo em busca de uma novidade que me tornasse tão único quanto a flor que eu achava que tinha.

A o coração do homem é tão enganoso, tão engenhoso e tão mau. Nunca me deu ouvidos, sofro.
Agora, enquanto a vida lentamente me deixa e enquanto eu consigo, gostaria apenas de dizer a todos que amei: - EU AMEI DE VERDADE.
Sinto nunca ter contado, sinto nunca ter insistido. Peço perdão!
Choro e o choro confunde-se com as palavras e o coração sangra.
Eu gostaria de colocar seu nome aqui, o seu e o meu e contar uma história feliz.
Mas nunca tivemos história alguma, a única que tivemos foi aquela que até hoje viveu apenas dentro de mim.
Contar aqui, seria como que revelar uma parte de mim.
Me despeço em minha incógnita.
E digo-lhe: Não chores, nem se arrependa. As coisas só acontecem como devem acontecer.


Manuel de Castro Rodrigues e Flores.

Após escrever está carta. Manuel secou a lágrima, a única lágrima que o acompanhara por toda a vida. Em seguida, caminhou até a janela, sentou em sua poltrona e despedindo-se, sorriu e adormeceu.
Seu corpo brilhou e lentamente um vento soprou sobre a cidade, sua alma alçou voo aos mais altos céus. Ninguém na cidade o viu, nem sequer o visitaram. Quando souberam de sua morte, foram até sua casa e ao encontrar seu corpo, viram que em uma de suas mãos nascera um espinho, sua vida começava a desabrochar. 

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Entre borboletas e outras coisas mais

    Em algum lugar desse mundo, existia um ser feio. Ninguém o conhecia por nome algum, somente por "ser feio", aquele que não tinha sentimentos, o frouxo.
    Certa vez, esse ser feio cheio de amor em uma atitude com a qual quisera mostrar seu amor, saiu em busca de algo que pudesse surpreender a quem ele tanto amava. Rodou vários mundos em busca de algo que pudesse retratar bem o que de veras sentia, não importava o tamanho nem o valor, queria-se. Pobre ser feio, em um mundo estranho e distante encontrou um vaga-lume, único, inigualável. Rodou aquele mundo todo na tentativa de prender aquele bichinho. Se foi.
    Com alegria nos olhos, voltou para o seu mundo, encontrou quem tanto amava e não acreditou...
    Durante todo esse tempo, quando com as mãos fechadas, como quem segura bem forte a um grande tesouro, eu nada encontrei além do meu amado cercado por borboletas, bailando sem pesar... foi trágico, eu corri os mundos em busca de algo único e ele tão acostumado com o belo, preferiu o convencional... ele que não sabe que a beleza acaba, que as borboletas voam pra longe e que o amor nem sempre é paciente. 

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Ontem a noite (Ensaio de sofrer)

Ontem a noite no meio da multidão, apenas o teu corpo brilhava.
Ontem a noite no meio da multidão, eu apenas olhava.
Embalava-me em teu mais profundo segredo
Despertava em mim, o mais perfeito desejo.
Sacramento infinito e infame.
Em tua mente, um plano maligno.
Que diabos teria tu contra mim?
Da tua boca, mel eu comia
Dos teus olhos, fel eu bebia.
Amantes apenas no desejo
Distantes e um mundo singular
Descontentes entre o amar e o odiar
Rua estreitas nos aproximam,
Destinos incoerentes nos separam.
Vivo a tortura de não esquecer
Temo não mais viver.
Temo em uma noite escura
quando sozinho estiveres,
não mais encontre na multidão insolente,
o meu olhar inocente.
Temo não estar aqui quando teus olhos me procurarem,
e temo, mas como temo ver teus olhos chorando em um adeus eterno. 
 Seja leve, seja grande, seja tu! 

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Talvez a despedida (O luto de mim mesmo)

    Talves, um dia em algum lugar eu te encontrarei de novo, te abraçarei outra vez sem pressa. Por enquanto, eu vivo o luto da minha morte, o luto, a negritude da noite que nasceu em mim e me tornou essa densa escuridão, onde nada enxergo além do meu próprio medo, o meu desespero e o meu fim.
     Tudo o que eu fiz durante todos esses anos, nunca foi pensando em mim, mas sempre pensando em agradar àqueles que perto de mim estavam, sendo alguém diferente de mim e igual a todos. Ninguém percebeu que todos os meus erros foram frutos de uma tentativa frustrada de acertar, de me construir de um modo que eu fosse aceito pelas pessoas simplesmente por existir e fazer parte de suas vidas. Engano, doce ilusão tirana que por todo esse tempo, apenas me fez ver o quanto me tornei infeliz.
      Não quero fechar os olhos, pois me vejo em um túnel escuro andando sem saber pra onde, apenas apalpando a grande e intransponível parede que me cerca, é tão escuro e eu tenho tanto medo.
      Será que nunca vão entender que por trás desse sorriso existem um homem pelado, com medo e com frio? Será? Talvez o sorriso, ainda que enganoso, desapareça e dê lugar a uma única lágrima que carreguei comigo por toda a vida. Essa lágrima tem um sentido e tem um porquê, eu não preciso dizer nada: Ela fala por mim. Ingratidão, infelicidade e talvez um pedido de ajuda.
     

terça-feira, 10 de julho de 2012

Traga-me

É Julho e faz frio.
Não a sentido estar aqui sentado sozinho, não há razão para estarmos tão longe.
Aproxime-se, me deixe livre em você.
Eu juro, não serei inconveniente! Serei um pouco reservado e buscarei nos teus olhos a direção de onde ir, o que sentir.
As folhas já caíram e não tem ninguém aqui.
Eu te espero, me aqueça.
Me tire o medo de ser sozinho.
Traga-me flores.
Traga-me vida.
Traga-me

Sem sentido

Inquietação, é meu estado de espírito.
Andando pelas ruas da cidade, eu busco algumas respostas e nada encontro.
Veio até mim um senhor meio barbudo, meio cinzento e sem chinelos. Ao se aproximar com ar indeciso, me questiona sobre o verdadeiro sentido da vida. Paro, penso e nada encontro.
Onde encontraria eu uma resposta? O que poderia eu dizer à respeito da vida? 
Uma nuvem negra cobre meu pensamento e eu simplesmente me esqueço. Passo à passo, vou deixando este senhor barbudo, nos despedimos no olhar e nos desencontramos em nossos caminhos. Eu sinto um gosto estranho de medo, correndo entre meus lábios, é amargo. 
A vida não me trouxe respostas, mas me deu surpresas, as quais até hoje me questiono: De onde vieram? Para onde vão?
Eu não sei a resposta, eu não sei nem ao menos se elas existem.
Inventar uma vida e mudar a direção.

domingo, 27 de maio de 2012

Dorotte

      São quatro e quarenta da manhã e eu estou tão agitado. Vagando de um lado para o outro, em busca de uma explicação de um porque, de um talvez ou simplesmente, à procura de um adeus.
Eu não tenho medo de gigantes, eu não tenho medo da morte. Eu tenho medo da ausência.
      - Ausência de que afinal? - perguntou-me Onofre Galvão, sindico do prédio, que ao me ver andando apressado, questionou com um ar de arrogância  como se não me faltasse nada. 
      - Ausência de um dente da frente, vês? - Respondi com um tom refinado, pois me sinto assim. Sem um dente da frente, sem um atrativo.
      Ontem a noite fez frio, eu fiquei frio.
      Eu olhei e pela janela vi um pequena e frágil boneca de porcelana, a qual estribuchou-se ao chão quando repentinamente, como num ato de vandalismo frio, eu a joguei contra a parede. Ela morreu e nem se quer se defendeu.
      Um golpe certeiro que me tirou um dente da frente.
      Na verdade o dente é apenas uma ilusão, o que tem ausência em mim é coragem de me ser e de me viver. E isso tomou conta de mim, a ponto de me fazer "mal-tratar-mal" quem mais me amava, pobre Dorotte. Morreu por ausência de amor em mim. Até quando Deus?  

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Carta para o retorno

Oi, eu sei que é um pouco tarde para escrever algo para você. Afinal de contas, faz um bom tempo que não conversamos e eu até penso que não se lembras mais de como foi bom os poucos momentos que passamos juntos. Hoje quando desci as escadas e encarei aquele longo corredor, não tinha dúvidas de que veria você. O coração sempre bate mais forte nessas horas e as mãos ficam inquietas como se quisessem te tocar, te sentir, sei lá. Cada passo em sua direção era uma lembrança que retornava mais viva, mais colorida. Na verdade eu tentei não olhar, disfarçar, mas confesso que foi muito difícil e por alguns milésimos de segundos te vi, nada mudou. Eu fui embora com muita vontade de ficar. Eu me perguntei o por que de tudo aquilo, sem respostas me contentei em apenas te ver e relembrar os bons momentos.
Nesta carta, deixo-lhe o desejo de te ver novamente.
Confesso, eu sinto saudades!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Elefantes Azuis

Quando eu nasci os elefantes azuis ainda tinham asas, voavam todos os dias e me convidam para voar com eles, mas eu não tinha asas. Na verdade, eu tinha medo de aprender voar e não querer mais voltar pro  mundo que não era meu. Então, em uma tarde chuvosa, eu acendi a lareira e sentei para me aquecer. Um desses amáveis elefantinhos voadores e azuis (nunca esqueçam a cor deles) pousou lentamente ao meu lado e me convidou para voar com eles para um lugar bem longe, onde a imaginação ia além de voos e rasantes, onde ninguém me acordaria em meio a um sonho, enfim, um lugar onde se voa com os pés descalços de qualquer lembrança má. Eu não pude aceitar o seu convite, eu não pude voar. Eu sei, eles disseram que independente de onde eu estiver ou de quanto tempo passar, eles sempre estarão ali ao meu alcance. É só chamar. Algum tempo já se passou e eu ainda estou sentado em frente a lareira e ainda me arrependo de não voar, de não ter deixado este mundo ilusório e partido para o meu mundo, minha imaginação, me arrependo de não ir com os meu elefantes azuis para um mundo melhor.

eu te espero na janela


Olhei para o relógio por diversas vezes e até contei estrelas. Meu tempo é um pouco curto e eu construí um castelo de ilusões em cima disso. Eu, sinceramente, acreditei que haveria um amanhã diferente para nós dois, acreditei que haveria um "até logo" ao invés de um "adeus". Desde que você partiu o meu coração partiu também, em tantos pedaços. Mas eu não me apego a nada disso, nem nas lembranças, nem nas esperanças. 
Ao acordar de manhã será um novo dia, ao abrir a janela te esperarei como sempre esperei. Se você voltar te prometo rosas, te prometo vida. E quando esse velho relógio deixar de trabalhar, aí sim entenderei que o inverno passou e você não voltou. Eu passei uma vida acreditando que você voltaria.

H.W Holdder

sábado, 17 de março de 2012

sobre o ensaio de sonhar


Hoje eu entrei em meu quarto, peguei um casaco e saí. 
Mas antes de sair, tratei de me certificar de que realmente não havia ninguém.
Apressei o passo, corri em direção a porta, não olhei para trás, era perda de tempo.
A rua ainda molhada, meio suada ou coisa assim, despertava um tom de outono em flor. Eu tentava me encontrar em meio ao vento. Meu cabelo voava e eu me apaixonava por essa dança. Então, de repente eu corri, e corri tanto que voei, e voei tanto que toquei o céu. Dançamos por horas. Em umas de minha mãos eu tinha um coração, eu tinha uma emoção. As horas se eternizaram, o vento soprava e me fazia cada vez voar mais alto e eu não tinha medo da altura. O sol brilhava mais forte e o tempo parava. E nós gargalhávamos, o céu gargalhava e voava. E quanto mais nós riamos mais o sol brilhava. Entre canto e dança, existia felicidade, não tinha pressa, não tinha medo, só tinha eternidade. 
Mas, uma hora a música parou. O vento parou. Pouco a pouco fomos perdendo essa realidade e fomos nos desencontrando, fomos nos apagando e nos perdemos. O que era pra ser eterno, fragmentou-se e caiu sem graça no chão.
Perdido na valsa, peguei meu casaco e voltei-me ao chão. 
Nele estava escrito: "Não se apaga do homem, aquilo que está no coração".

domingo, 11 de março de 2012

eu te esqueci no momento em que queria me lembrar.


E se hoje eu acordar me sentido meio morto pela sua ausência?
Só se sente vivo, quem ama. Quem chama. Quem trama.
Eu viveria mil anos e ainda me sentiria morto.
Eu seria sempre eu e não veria o tempo passar,
Mas quando se tem amor, se tem o que fazer.
Perder tempo te esquecendo é um dos meus “passa-tempos” favoritos.

de querer voltar e viver eu digo que:


Com o tempo a gente percebe o quanto era feliz, e é com o tempo também que você percebe que não pode mais voltar atrás. O que passou, passou! O que nos resta é contentar-se com as lembranças, e manter viva a esperança de que um dia sentiremos novamente, com a mesma intensidade, cada momento.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

entre raciocinios lógicos.

um gato entrou pela minha janela, me olhou e saiu correndo.
Eu tentei por varias vezes entender a racionalidade dos homens, o sentimento que move cada um deles.
O gato por si próprio, ao perceber que eu não aparentava ser o que ele esperava, fugiu.
Os homens se aproximam, te amam, te enganam, te deixam.
Por Deus, quem é mais racional o homem ou o animal? Eu juro, por vezes eu respondo com muita convicção: - O ANIMAL.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

a leitura do homem que se perde ao ler.

É sempre assim, sempre a mesma impressão de estar construindo um império invisível.
O andar pela rua tem sido diferente nos ultimos dias, oh Deus deste-me outros dons? - Eu acho que sim !
Já era hora de sair de casa, eu me arrumava, eu me preparava para mais um dia no mundo comum ou será que fica melhor dizendo " Mundo Convencional ", onde todos pensam a mesma coisa e em meio aos seus pensamentos se perdem e deixam de viver. Eu me controlo, passo pouco perfume. Eu existo.
Saio de casa com o andar apressado, como se as pernas quisessem e pudessem ir sozinhas me deixando preso a uma cadeia ilusória de vastos pensamentos, aos quais tenho dedicado meus ultimos dias. Onibus para. É estranho, tenho a impressão de já ter falado sobre este onibus aqui. Entro, sento e leio. Meu estilo "Clariciano" as vezes cria uma intensidade incontrolavel e eu leio e nessa leitura eu viajo, vou ao mundo, me dou ao mundo. Quando o onibus para e eu retorno pra mim mesmo percebo o quanto me perdi em mim mesmo e começo a viver em um circulo, sim em um circulo, mas não pensem que é em um desses circulos que vemos na televisão, jornais, livros ou qualquer coisa que apresente uma forma perfeita de circulo. O meu circulo é imaginário, não é grande nem redondo, tem um formato desconhecido. Eu apenas sigo.
Passos apressados fogem do circulo.Grito.
De repente eu começo a perceber o que cada uma daquelas pessoas tem escrito nos olhos, são várias pessoas que nem caberiam nesse texto. Elas tem os mais diferentes tamanhos, formas e cores. Mas todas tem nos olhos uma descoberta, a qual eu tentei chamar de alguma coisa mas não consigui, me fogem as palavras.
Uma delas era gorda e baixa e nos olhos trazia um texto triste que indagava sobre seu futuro tão incerto quanto o meu, o outro era negro e não muito alto e nele eu lia a necessidade de encontrar-se com alguém, sim e esse alguém tinha de ser do sexo oposto. De repente me vem a frente uma velha com cabelhos brancos, e nela eu pude ler a conformação com o quase findar de sua vida. Eu não gosto que pessoas velhas morram, elas ainda me contaram sobre a vida, elas nem ao menos me disseram quem matou a moçinha no final da radionovela ... ah, é triste.
De repente o telefone toca, tudo se confunde e já não existe olhares.
Eu, eu mesmo me distraio tentando entender e quando percebo não há mais nada ao meu redor a não ser um monte de pessoas que agora vazias caminham em direção de seus objetivos, se é que alguma delas tem.
Eu não consegui ler todos os que por mim passaram. Eu não consegui nem ao menos ver o que os meus diziam.
Era uma icognita.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

eu quero voltar.

Eu nunca fui a pessoa mais educada do mundo... sempre tive um pé atrás com esse lance de ser legal... mas mesmo assim sempre que possível, eu era.
Hoje vindo pro centro, no ônibus, entrou uma senhora não muito arrumada, tinha a aparência de uma pessoa simples.
O motorista abriu a porta e ela ofegante pergunta:
- Esse ônibus passa na rodoviaria ?
- Passa perto - Respondeu o motorista
- Quando chegar la perto por favor me avisa ?  Ela questionou.
Percebi então que o motorista não deu muita moral pra ela... ela se sentou inquieta pois não conhecia nada aqui e o medo de não encontrar a rodoviaria estava estampado em seu rosto.
Aquilo de certa forma mexeu comigo e me fez ir até ela, eu iria descer na rodoviaria também.
- Senhora, vai descer na rodoviária?
- Sim, mas não sei onde fica.
- Desce comigo, eu vou pra lá tambem.
Ela grudou em mim, ficou colada ao meu lado e aquilo me soou meio cômico por um momento.
- Pronto a gente desce no próximo.
Ela rapidamente balançou a cabeça em forma de "ok então". (risos)
Ônibus pára, porta abre e nós descemos.
A rodoviária ficava a alguns metros do ponto e fomos conversando até lá.
Falávamos sobre a dificuldade de morar longe de pessoas queridas e de como a saudade machuca, por um momento até esqueci que não estava bem de saúde e viajei na conversa, lembrei de tantas coisas, do Jardim de Infância, das broncas que minha mãe me dava, das tardes dormindo no colo da vovó, das noites mal dormidas com bronquite, amigos que o tempo levou, bolos de lama, a velha lona do circo que imaginávamos ser de verdade... lembrei de tudo que ficou e ficará gravado em mim pra sempre.
Quando dei por mim, já estava na rodoviaria e senhora que me acompanhara sorrindo dizia:
- Muito Obrigada Moço, nas minha orações vou pedir por você!
Com um aperto de mão carinhoso eu me despedi da D. Eva e deixei de viver o passado e dura realidade voltou a ter presença em mim.

quarta-feira, 16 de março de 2011

permita


Coisas que até eu desconheço, esse é o meu começo, essa é a minha arte. Curtir, viver, sei lá... não importa a hora, deixa eu curtir e se eu puder vou amar e seu eu conseguir serei amado .
Deixa eu correr alguns riscos, beber um pouco mais de água.
Me deixa esquecer da hora, não quero ir embora... vou viver aqui!
Não permita que gritem comigo, eu choro facil e perdoo mais facil ainda, então, me traga um pouco de sinceridade e misture com o dois dedos de honestidade... eu vou beber.
Me coloca na parede e me pergute o que eu realmente penso, não deixe que eu pense muito para responder. Não tenho muita pressa, nem muito dinheiro... mas vivo bem !
Ao invés de flores me traga maracujas, sim, maracujas de todos os tamanhos e cores.
Deixe-me respirar um pouco essas pessoas que passam por mim, deixe que eu absorva delas o maximo que eu conseguir.
Não deixe que me enganem, me cuide, me leve... não vá.
Se quiseres partir sinta-se a vontade, mas de preferencia não vá pra muito longe... afinal, terei que correr atrás de você implorando pra não ir.
Deixe que eu ouvir a musica, ela ainda não acabou e eu quero dançar.
Deixe boas lembranças em mim, não tire de mim a inocência... coloque-a em mim.
Se te ofenderem, grite bem alto: “ EU VOU ENLOUQUECER!” , em seguida corra bastante e sente no banquinho mais próximo que encontrar. Depois disso, que tal rirmos um pouco?
Ah, tambem não deixe o tédio me consumir, ele costuma chegar sempre a noite antes de dormir.
Aí sim, tudo vai se encaixar, e eu esquecer alguma coisa... me lembre.
Assim eu posso viver e ser vivido.

sexta-feira, 11 de março de 2011

O livro que ninguém leu.

A página ainda branca, em agônia espera um pouco de tinta que venha lhe trazer mais vida, mais cor.
Se eu sentar, vou escrever. Se escrever, vou me apaixonar. E ao me apaixonar tornarei a escrever e assim passarei a eternidade escrevendo, amando e escrevendo.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Ela me deixou

Eu não sabia ao certo como seria minha vida, as mudanças estavam acontecendo muito rápido e isso sempre exigiu de mim uma certa perfeição.
Era quase quatro da tarde, eu corria em meio a chuva.
O ônibus ainda não havia chegado, e as pessoas que ali estavam não me chamavam a atenção.
Cidade grande, poluição e prédios altos, tudo isso com o tempo perde o seu valor e vira apenas parte de um cotidiano frouxo.
Meu telefone toca, eu atendo e nada me chama atenção, com isso, deixo de lado todas as expectativas de um dia diferente da monotonia na qual vivia e vivo constantemente. Não que eu gostasse da vida monotona, mas quando não se tem o que fazer e não há criativadade as coisas começam a estacionar em nossas mentes.
Parei no ponto, olhei para os dois lados e do outro lado pude ver algo que me deixou desejoso.
Era alta, não muito gorda, feia com os cabelos longos, crespos e despenteados, não tinha nenhum dos requisitos básicos para ser considerada bela. Tinha nas mãos um livro o qual devorava, era espantosa a forma com a qual ela se derramava sobre aquele livro e ao mesmo tempo absorvia tudo o quanto podia daquelas páginas amareladas daquele livro velho, sim, o livro era velho e eu cheguei até pensar que era de um Sebo qualquer da XV.
De repente, sem explicação, após tanto tempo arregalando os olhos para ver do que se tratava o livro, resolvi então chegar mais perto e tentar puxar um assunto qualquer, um assunto que somente sanasse aquela tremenda curiosidade de conhece-la. Me aproximei lentamente e perguntei pelas horas, ela não me olhou, ela não respondeu. Indignado, sentei-me ao lado dela e ao repará-la de perto percebi que podia descobrir muito sobre ela somente no olhar.
Lembro-me vagamente de descobrir a simplicidade que havia em tudo nela, a simplicidade do olhar, do ler e do sentar. Mas mesmo assim, eu continuava intrigado com o silêncio que ela tinha. Eu poderia me ofender por ela não me responder, mas percebi que não era de má fé que ela agia assim. Me recolhi, continuei olhando, sentado e intacto. Eu buscava ver em cada movimento dela uma chance para descobri-la, assim eu me perdia em meio a tentativas frustrantes. Silenciosa, ela se levantou e se foi, e eu que antes buscava me aproximar, agora apenas acompanhava sua partida. Sozinho, eu já não podia ouvir o murmuro que saia de seus lábios ao soletrar pequenas e dificultosas palavras. Consciência, mais uma vez me deixava sozinho, a falta de culpa enchia-me de prazer, mas a sua ausência me corrompia. Consciência, volta, se esconde em mim e fala-me, a minha pobre consciência consou-se e não quis falar-me, porém, todavia, eu a desejava.
O livro que ela lia, era apenas um passa-tempo, era apenas uma forma arrogante de me ensinar a ouvi-la.
Eu nunca mais queria vê-la.
Deixe-me agora.
Afogarei a mágoa.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

o inicio das crônicas

Já é perto das dez, eu estou sozinho em meu escritório, em cima da mesa tem uma xícara de café velho e três livros daqueles que contam histórias modernizadas, hoje o céu não tem muitas estrelas e da janela do meu apartamento eu posso ver dois jovens sentados perto de uma grande arvore.
Eles trocam olhares e cochicham coisas que aqui de cima é, praticamente, impossível de descobrir sobre o que falam, a não ser pelo excesso de gestos que um deles faz ao falar. Logo, percebo que eles falam a respeito de um menino que está alguns metros à frente. 
Se me permitirem eu posso descrevê-lo, com todo respeito, eu gosto de contar os detalhes alheios. Ele é meio alto, tem 23 anos, não sabe de onde veio e nem compreende o que sente, a única coisa que ele sabe é que mais alguns passos que ele der, ele estará em frente à uma situação constrangedora.
Devagar ele vai se aproximando meio receoso, chinelo na mão, olhar abatido, face cansada, coloca a mão nos bolsos e pega uma pequena medalha a qual aperta contra o peito. Ao chegar a frente a aqueles meninos ele é zombado, ferido, mas não aquelas feridas que se curam com esses remedinhos da mamãe, são feridas na alma, que o levam a uma atitude inesperada, calma eu preciso me recompor, levanto-me de minha confortável poltrona, dou alguns passos em direção a minha sacada com a minha xícara na mão, não desperdiço nem um momento, atentamente percebo aquele pobre jovem, correr, chorar, enfim, se sentir só, sentir-se lixo.
Dois meninos, dois tipos de ignorância, preciso ir ao banheiro, repouso minha xícara sobre minha mesa, deixo a cena por alguns minutos e quando volto La estava a maior surpresa, o mesmo jovem que outrora zombado, agora com uma arma na mão quer livrar-se dessa humilhação. É horrível, ele grita, faz gestos e diz que não aguenta mais ser alvo de zombarias. Eu como todo bom espectador mantenho meus olhos fixos nele, de repente uma nuvem de fumaça, o estouro e a pólvora.
Dois meninos, dois tipos de ignorância e dois corpos mortos no chão.
Devagar tomo meu ultimo gole de café, limpo os cantos da boca em meu casaco e volto a escrever.

sábado, 22 de janeiro de 2011




Eu sempre fui um segredo, que até eu mesmo desconhecia.
Só não fui mais, por que não me foi permitido ser.

em bares da cidade eu escrevi o que eu amava

Bebi as bebidas mais caras, tornei a viver do prazer de ser inconstante.
Sentei-me à mesa, abri o livro, na mão uma caneta, na cabeça um poema que vagava na imensidão e no vácuo de minha mente, escrevi baixinho coisas que nem eu imaginava que sairiam de minha velha e cansada memória.
Quanto mais escrevia, mais queria escrever e mais queria sentir aquela força que me impulsionava a escrever sobre nós, sobre a vida que outrora esquecida hoje era lembrada. Pulso, Pulso, gritava e se escondia. O medo às vezes nos faz ter uma súbita vontade de desistir, de não escrever, é estranho. Não pare, siga... O livro continuava aberto e eu ainda escrevia e deixava nele tudo que havia em mim, era ali que eu me esvaziava e deixava, por alguns minutos, o que realmente existia dentro de mim.
Fiz-me cego, para não ver os que com raiva desejavam a minha morte.
Fiz-me surdo, para não ouvir os que me condenavam.
Não pus ponto nem vírgula, mas senti de relance que deveria corrigir-me, essas coisas de escrita às vezes me faziam errar.
Tentaram ler, eu apaguei, rapidamente fechei o livro e corri o mais rápido que pude, ignorando qualquer sentimento alheio.

“Quanto alguém toca no seu verdadeiro eu, nunca se sabe qual será a sua verdadeira reação”
(CAMPOS, Lucas Valencio de)

Eu senti, Eu fui, Eu escrevi.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

enquanto isso , em uma tentativa frustrante, eles buscam popularidade.

nada é natural, hoje em dia a moda é ser artificial. Eles não sabem quem são, na verdade eles são pobres e vazios.

É eu prefiro ser um pouco de mim e um pouco de minhas idéias congénitas.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

como é ?




Nem mesmo as maiores frustrações me impedem de conseguir, ser FELIZ basta.

olhares perdidos

No vento da chuva há certa incerteza que insiste em me deixar inquieto, talvez seja o medo de que ele leve o que mais amo, o que mais quero quem sabe a incerteza é mais uma das minhas perturbações que voltam a cada dia como se fossem novas e mais intensas. O gosto do inesperado ainda se faz sentir em mim, o medo, a dor, as tantas vezes que fui solidão, fui escuridão e me deixei perdido. Já não era como antes as coisas já não acontecem com a mesma intensidade, e aquilo que antes era assustador, medonho, hoje se faz calmo e amável.
Já não sabia que eu era assim, e que assim me fazia. Tenho medo, se as pessoas descobrissem o que realmente eu me tornei, quem sabe não me dariam sorrisos falsos e aplausos dissimulados.
Desisto, vocês jamais entenderiam meu pensamento frágil;

sábado, 2 de outubro de 2010

o direito do perdão;

errei , errou, erramos.
quem nos ajuda é Deus, o perdão fiel vem dEle.
as pessoas confiam tanto em nós que somos os mais inocentes do mundo, confiam como se fossemos perfeitos e intocáveis.
errei, errou, erramos; e ai não podemos ser perdoados ?
que veneno é esse que ocupa o coração das pessoas, que nos olham com indeferença e apatia? errei sei errou quem não erra?perdão é a forma de perpetuar a nossa boa conduta de pessoa;

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Opróbrio.

No fundo eu sempre soube que nada ficaria oculto dentro de mim, errantemente errado por infâmia se sintia na causa em que vivia, grande escuridão se fazia. Só eu sentia e ninguém via que o cansaço e a ilusão me faziam errar.
Por enquanto era isso que eu pensava.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

eu gosto do que escrevo e se não gostasse não escreveria.

cucalelê ;

sou fé, sou luz, sou coisas e afins, na casa, na rua, na favela e na chuva.
se chego logo saio, se vivo logo morro, se me alegro logo choro e vivo vivendo sem viver a vida.
se penso logo desisto, não insisto, icógnita maldita que sobe o desprazer que amola os sentimentos e transtorna a alma.
se te vejo fico meio assim, sei la, podia ser e era se não era eu era e assim faziamos.
com calma , paciência e passado, assim ficava combinado nossa situação, era abraço era junto era tapa e chute, era tampa sem panela era amor de primavera, era texto sem virgula sem ponto final, não parava, não terminava, vaca sem capim, não disse que era assim pra mim, morri de susto e voce riu, a riu, a riu, e eu com cara de baril chorei.
tem culpa ? não ? pontos do acaso, aaah, está sacramentado em meu coração e você nem sabia, sonhei com voce.
pecado e vergonha, bandido perdido.
era assim que ele se fazia em mim.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

é o meu espetáculo.

Mais que um espectador de mim mesmo, eu sou o dono do espetáculo, sou a luz, a câmera, a ação.
Sou o antes e o depois, sou tudo que quero ser onde nada se pode ter, coisas, trecos coloridos e luzes, um flash e aplausos, la no alto tem alguém que desafia a gravidade em salto picante, aquele sou eu, sentado na platéia eu acompanho cada movimento como se fosse o último, como se fosse o começo. No palco entra o palhaço, ele ri, ele sou eu, ele é ele, ele tudo no nada. Por frente ele ri, por trás ele chora, e quem sabe disso? Ninguém, o espetáculo continua, as pessoas riem muito, gritam, choram de alegria, aquela menina, sentada ali na frente não tira os olhos do palhaço, não tira os de mim. Num sorriso falsário, me coloco de pé, sacudo a poeira que se acumulou durante os anos e sem encomodos encerro o espetáculo e as pessoas que sorriam agora se vão, se mudam, se chocam, fico eu e a minha consciencia trancados, amados e a menina da primeira fila insiste em me olhar. Ninguém sabe mas eu mudei.

domingo, 5 de setembro de 2010

bom comportamento, não seja feio.

Um ponto no escuro indicava por onde se devia andar. As fotos na parede indicavam que alguém por aqui havia passado, a sua imagem em minha mente mostra que as lembranças ainda estão vivas e que não há bons ou mals momentos. Eu poderia simplesmente me afastar, correr e esconder-se, mas não, eu teimo, eu fico, eu volto e amo essa coisa de voltar e voltar e sentir e abraçar e se afastar e voltar e perdoar. Sem noção do tempo, sem noção do perigo, eu sigo, sem medo, com medo, com frio, com fogo dentro do corpo. Fotos me lembram que você ainda é o mesmo, ainda é pequeno e ainda é ingênuo. Ah, sua inôcencia, sua aparencia, o beijo e a flor, o cravo e a rosa e a velha história da sacada, os feridos e machucados, quem sabe se não fosse assim eles não seriam tão belos e as suas cores tão sedutoras, flash, eu viro e vejo, eu sinto e percebo que você está por perto e tão longe que não posso tocar, tão alto que os meus braços não alcançam e a musica que antes tocava agora fica na penumbra, fica no vazio, fica quieta, calada. Não há luz ao redor a cidade dorme e pela janela entra uma brisa como se tudo fosse vazio, e de fato, minh'alma assim está, vazia, pobre e nua, nessa cama não há nada além de mim e mim mesmo, na verdade, só há um corpo, um livro e o violão. É saudade, é cansaço, é vazio, eu não sinto o vento. Sentado, as paredes parecem ser mais fortes que o comum. Nessa noite, não há nada além do corpo, do livro e do violão. Onde está o meu bom comportamento?

sábado, 4 de setembro de 2010

Documento Sem Titulo (1)

Eu poderia ser tantas coisas, mas eu prefiro ser eu mesmo assim economizo caracteres no twitter.

Ele não era, mas vivia.

Ele não tinha muita coisa, ele não era muita coisa. As pessoas o julgavam incapaz, ele se sujeitava, se reijeitava e não percebia o quanto se fazia em infeliz. Ele andava pelas ruas e as ruas se tornavam obscuras, as pessoas caminhavam, ele parava, as pessoas paravam, ele corria. Na solidão as coisas coletivas nos assustam. Não, ele não era homem, ele não era mulher, ele era o que era e o que era o fazia temer e tudo quanto fazia, fazia como era para ser e era como se tudo não passasse de uma pequena indiferença. Ele amava os pobres e os dava desprezo, e como ele amava desprezar. Seu ego era maior que qualquer desprezo e ele não sabia o que era isso. Ele amava para desprezar e sabia que não era legal. Não tinha amigos, alias, até tinha mas só quando lhe era conviniente. Odiava os ricos mas os amava, se completava ao ver as madames comprando centenas de sapatos e casacos. Comprava mas logo desgostava. Ele não sabia direito quem ele era, nem se amava, se dormia sonhava, se acordava não lembrava. Ele não tinha as melhores notas, ele era o melhor da sala. Ele era snobe, mas fraquejava diante das mais pequenas decisões. Seu nome, não tinha. Nunca escreveu um livro, mas o pensava. Não foi ator, não foi palhaço, não foi atleta, não foi amado. Ele não gostava de ninguem, ele não se gostava, ele não se aceitava, ele se afastava, se escondia, na verdade eu não sei se ele existia.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

ensaiando a verdade


" Eu sei que a verdade é boa, mas nunca sei até onde ela é construtiva."
Pensando, sempre pensando, eu descobri que a verdade é sim a melhor forma de obter algo, mas também pensando, descobri que a verdade nem sempre é construtiva, sim, por que nem todas as pessoas suportariam as verdades que carrego dentro de mim, as quais tenho vontade de lançar contra o vento. Olhar, Analisar e Saber que aquilo que pode ser normal pra mim pode ser anormal para o outro, o que pode ser real pra mim pode ser ilusão para os outros, aquilo que é amavel para mim pode ser, simplesmente, odiavel aos olhos alheios.
Verdade, nem tudo é verdade, as pessoas te mentem o tempo todo, aliás, a vida humana é um mentira.
O que eu escrevo também não é verdade, nem o que eu vivo, é, o sonho que sonhamos também não é verdade, as musicas que cantamos não são verdades, os amores que vivemos também não são verdades, são apenas pequenos fraguementos criados por uma imaginação fertilizada.
Como eu gostaria de entender e aprender a verdade.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

o bom filho sempre volta para casa.

é,realmente eu voltei, Blogspot é o meu lugar.
agora vou ficar por aqui, aos que me acompanham, resta-nos armar as nossas barracas e se instalar novamente por aqui.

beijo.